A
proposta de redução de danos e riscos para o aborto ilegal, em
discussão no Ministério da Saúde, motivou fortes reações por parte de
lideranças políticas e religiosas em todo o país. A proposta defende a
ideia de que mulheres que decidiram abortar sejam acolhidas na rede de
saúde e recebam informações sobre alternativas, riscos e métodos.
Se posicionando contra a proposta, o deputado João Campos (PSDB-GO),
presidente da Frente Parlamentar Evangélica, afirmou: “Isso não existe,
nós vamos para cima”.
“Vamos colocar com veemência nossa posição e nossa disposição de
fazer enfrentamento se o governo levar isso para frente”, afirmou o
parlamentar, explicando que o tema será discutido na reunião da bancada
evangélica na próxima terça feira e que serão pedidas audiências com os
ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Gilberto Carvalho
(Secretaria-Geral).
“Vem o Executivo, com o artifício do dano, legalizar o aborto. Estão
desrespeitando o que a presidente Dilma Rousseff disse na campanha
(quando se comprometeu a não mexer na lei para aprovar o aborto)”
afirmou o advogado católico Paulo Fernando Melo, vice-presidente do
movimento nacional Pró-Vida e Pró-Família, segundo a Folha de São Paulo.
O presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, pastor Silas
Malafaia, afirmou que a decisão reflete uma “política de safadeza” e
questionou: “Que questão de saúde pública é essa que mata o bebê? Tem
que ser para proteger os dois (mãe e filho). É a maneira maquiada de se
ensinar e motivar o aborto”.
Com opinião contrária à dos religiosos, Telia Negrão, do conselho
diretor da Rede Feminista em Saúde, afirmou que a decisão “é um avanço
no direito à informação, tema que vem mexendo muito com o movimento
feminista”, e Margareth Arilha, do Núcleo de Estudos da População
(Unicamp), disse que “a informação tem que guiar a possibilidade de ação
no mundo”.
“Há a estratégia argumentativa de que seria incitamento ao crime, mas
é o mesmo debate que existiu sobre drogas no STF. E o tribunal disse
que o direito de informação, de manifestação, deveria ser preservado.
Não combina mais com o Brasil essa argumentação”, completou Arilha.
O padre Berardo Graz, médico italiano e coordenador da comissão em
defesa da vida da CNBB, afirma que “Dizer que uma política de redução de
danos para o aborto diminui as mortes maternas é uma ‘tapeação’”.
Segundo ele, a proposta não configura crime diretamente, mas afronta o
espírito da Constituição, que declara a vida inviolável.
Fonte: Gospel+