A
vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras
Drogas, a psiquiatra Analice Gigliotti, afirma que a administração de
clínicas de recuperação de dependentes de drogas por instituições com
vínculos religiosos pode prejudicar o tratamento de alguns pacientes.
Comentando o fato de que quatro das sete entidades selecionadas pelo
governo do Estado do Rio de Janeiro para o serviço são ligadas a
religiões, a psiquiatra afirma que tal modalidade de tratamento pode
influenciar negativamente na recuperação de pacientes não religiosos.
De acordo com entrevista cedida ao IG, Gigliotti afirma que o
tratamento em clínicas que tenham vínculos com instituições religiosas
pode ser prejudicial para pacientes ateus. Segundo ela, “é
desconfortável para um ateu estar numa comunidade com a qual não se
identifica”. Alegando que esse tipo de paciente poderia abandonar o
tratamento, a psiquiatra diz que “o ideal seria um centro de recuperação
laico”.
Mesmo questionando a eficiência desses centros de recuperação,
Analice Gigliotti diz que eles são uma alternativa mais econômica para
tratar os dependentes químicos. “No Brasil não existe espaço para
internar todos os pacientes, nem em clínicas privadas, muito menos nas
públicas. O governo não sabe onde colocar essas pessoas. Além disso, não
temos gente. Seria preciso tempo para achar profissionais e treiná-los,
o que é um processo complexo e demorado”, justifica.
Fonte: Gospel+